A Comissão de Esporte do Senado homenageou, em sua 20ª reunião extraordinária, nesta quarta-feira (27/8), em Brasília (DF), Aída dos Santos Menezes por sua contribuição para a valorização da mulher brasileira, especialmente a negra, no esporte. "Sua vida é marcada pelo pioneirismo, superação de barreiras de gênero e raça", resumiu a senadora Leila Barros, sobre a atleta olímpica Aída dos Santos, que está com 88 anos.

Uma placa e flores entregues a Aída dos Santos, após muitas falas emocionadas e com muitas lágrimas, marcaram a aprovação do requerimento com os votos de louvor da Comissão de Esportes do Senado.

Nascida no Rio de Janeiro em 1937 - foi criada no Morro do Arroz, em Niterói - Aída dos Santos venceu barreiras sociais, econômicas e raciais até chegar aos Jogos Olímpicos de Tóquio 1964, Japão, pelo atletismo - foi a única mulher da delegação brasileira e finalista, 4ª colocada no salto em altura (1,74 m). O resultado de Aída dos Santos foi o melhor de uma mulher brasileira em Olimpíadas por mais de 30 anos.

"Mulher negra, de comunidade carente, enfrentou desigualdades estruturais, mas jamais se curvou diante das dificuldades", disse Leila Barros, que integrou a seleção brasileira de vôlei. "É importante lembrar que a Aída foi a única mulher da delegação brasileira naquela edição dos Jogos. Competiu sem técnico, sem uniforme adequado, sem o devido apoio institucional e ainda assim ela fez história. Sua trajetória nos mostra a força da resiliência, do talento e da coragem", acrescentou.

Registrou ainda que Aída fez faculdades de geografia, pedagogia e educação física e foi professora universitária. 

O presidente do Conselho de Administração da CBAt Wlamir Motta Campos, presente a cerimônia realizada no Senado, lembrou que Aída dos Santos enfrentou o preconceito que a sociedade e a própria família tinham em relação a mulher praticar esporte. "Em 1964, Aída foi a única mulher brasileira a integrar uma delegação com quase 70 pessoas e chegou ao 4º lugar, uma grandeza gigante. Mas mais do que isso, a dona Aída é uma mulher poderosa, empoderada, que do alto dos seus 88 anos continua inspirando e iluminando gerações."

Aída dos Santos ganhou o troféu Adhemar Ferreira da Silva e entrou para o Hall da Fama, honrarias do Comitê Olímpico do Brasil (COB); recebeu o Diploma Mundial Mulher e Esporte do Comitê Olímpico Internacional (COI) e o título honorário de Emérita do Atletismo Brasileiro; foi homenageada no último Troféu Brasil de Atletismo - sua imagem saltando estampa as medalhas entregues aos campeões; o complexo esportivo da Universidade Federal Fluminense leva o seu nome.

"Ela merece todas as homenagens. Usou o esporte como uma ferramenta de transformação, foi única mulher a fazer parte do Olimpismo em 1964, conquistou espaços na pista a na sociedade, tornando-se referência e inspiração. Isso há 50 anos, uma mulher muito à frente do seu tempo. Feliz do país que tem a Aída do Santos como cidadã", completou Wlamir.

Também participaram da homenagem em Brasília, Iziane Castro Marques, secretária Nacional de Excelência Esportiva; Lucimara Cardozo, representante do Ministério das Mulheres; e Valeska dos Santos Menezes, a Valeskinha, campeã olímpica, filha de Aída e representante dos Atletas de Alto Rendimento na Comissão Mulher no Esporte do COB, que foi às lágrimas.

Os ex-atletas olímpicos Elisângela Maria Adriano, também presidente do Comitê Feminino da CBAt, Conceição Geremias e Zequinha Barbosa participaram por videoconferência, também com falas carregadas de emoção. 

Veja o vídeo da cerimônia: 20ª Sessão Extraordinária CEsp - Senado Federal

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Assessoria de Comunicação: Heleni Felippe (helenifelippe@cbat.org.br) e Maiara Dias Batista (maiara@cbat.org.br).